PRECISAMOS FALAR SOBRE SUICÍDIO

Me lembro quando era um pré-adolescente, eu e minha vó fomos para a rua 25 de março em São Paulo. Andando naquele mar de gente, ouvi berros e correria, um homem estava prestes a pular de um alto prédio! Minha avó me puxou com força para sairmos dali, porém o barulho aumentou e a correria ficou assustadora, o homem pulou.
Também quando adolescente, saindo do colegial, percebi uma comoção pública na minha escola, uma menina que lá estudava tinha tirado sua vida. Depois desses dois acontecimentos, compreendi que o suicídio é real e por isso precisamos falar sobre ele.
Passaram-se 9 anos, e parece que o suicídio além de ser real tem se tornado familiar, pessoas tem arrancado suas vidas diariamente. Pessoas próximas, pessoas que eu conhecia, até alguns colegas. Isso é muito assustador. Segundo dados da OMS, o suicídio é o terceiro tipo de morte mais ocorrida no Brasil entre jovens de 15 a 29 anos. Isso tem que levar as pessoas a uma comoção e a um entendimento de que o suicídio já se tornou um problema social.
Entretanto, para nós cristãos, é preciso entender que além de um mal social, o suicídio em sua grande parte é um mal espiritual. Tirar a vida se tornou a resposta de um mundo que tirou o significado do viver. Já dizia o filósofo: “Deus está morto”, porém talvez, hoje diria que a vida como um todo também. Mataram a vida e ainda assim insistem para vivermos. Em 2014 escrevi uma frase que ainda é de extrema aplicabilidade para essa crise atual. “Aquele que nos possibilita uma existência, sempre responderá às nossas crises existenciais”. De fato, somente Deus pode restaurar o valor da vida dessa sociedade.
E sendo um problema espiritual, temos que entender que o suicídio é uma possibilidade para quem está vivo, todos nós somos um suicida em potencial. Por isso, a empatia deve ser presente em nossas vidas. Não nos matamos ainda porque não tivemos a oportunidade, não arrancamos as nossas vidas por causa da graça de Deus. Quando olhamos para o poder do pecado percebemos que também somos, de natureza, depravados. Por esse motivo bato na tecla de que somente Deus pode trazer a salvação para a desvalorização da vida.
Para concluir, Paulo na carta de Filipenses mostra que ele estava passando por algo complexo. Ele desejou a própria morte (Fp. 1), Paulo queria morrer e seu sentimento era legítimo! O apóstolo tinha em sua vida como marca o sofrer. Ele estava preso, cansado, magoado, machucado e por saber que tinha algo bem melhor o esperando pós morte, ele a desejava. Mas por amor a Deus e às pessoas, Paulo também desejava viver, ele sabia que sua missão ainda não tinha acabado. Ele sabia que o morrer é lucro, porém sabia ainda mais que o viver é Cristo. Paulo, satisfeito em Cristo Jesus decidiu pela vida. Pois sua vida tinha valor em Cristo, e por isso no capítulo 4, ele ordena que devemos nos alegrar sempre no Senhor, e reafirma: “alegrem-se”.
Assim, o verso 13 mostra que em Deus, podemos suportar qualquer coisa, inclusive o desejo suicida de nossos corações, pois um Deus imutável é a nossa razão de viver.
Precisamos falar sobre suicídio, precisamos falar que em Cristo Jesus a vida tem real sentido, precisamos falar que o nosso desejo de morrer não é maior que a vida graciosa que Deus te deu!
*Sim, eu sei, existe depressão patológica, existe transtorno neuro-psiquiátricos, existem pessoas que se matam ou vivem sua vida como se já estivessem mortos por causa de doenças. Ainda sei que essas pessoas precisam de ajuda profissional. Porém, também sei que todas as doenças vieram após Gn. 3, com a queda da humanidade, e por isso creio que a Bíblia também pode ajudar no tratamento de doenças, creio em um Deus que cura. Mas como já dito, não descarto a ajuda clinica, até recomendo quando o caso é de fato transtorno físico.

O corona vírus e a soberania de Deus

“No princípio, criou Deus os céus e a terra” A primeira frase da bíblia, Gênesis 1. Frase famosa, versículo pregado e falado diversas vezes ao longo da história, seja dentro de igrejas ou fora, mas por que as pessoas não fazem disso uma afirmação da vida delas? Eu posso te responder: é porque lhes falta fé!  

     A palavra fé é posta com um design bonito de uma camiseta, tatuagem e até mesmo usada como jargões e frases de efeito a todo minuto e usada por dezenas de pessoas ao redor do mundo, mas sem entenderem o real significado e vivência da palavra. “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”, como diz em Hebreus 11.1. Mais um lindo versículo que muitos falam e sabem de cor, mas não vivem verdadeiramente. Dizemos que esperamos a volta de Cristo, MARANATA, gritamos e cantamos, mas com medo de não ser verdade, sem certeza, sem confiança na palavra de Deus, logo, sem fé.

      A fé nos remete a nossa total entrega e confiança em Deus. A fé nos remete a crermos em um Deus invisível que inspirou homens a escrever um livro, com a história de Jesus que se fez carne e habitou em nosso meio; fez milagres, morreu e ressuscitou no terceiro dia; que deixou ensinamentos, que se foi e voltará e deixou o Consolador para a humanidade. Mas quando somos confrontados por pessoas perguntando com racionalidade e apostasia, ficamos com medo de responder e se respondemos, ficamos com dúvidas se o que acreditamos é realmente real. A fé nos remete a vermos o mundo com outra cosmovisão, sabendo que Deus sabe o que fez e está fazendo, mesmo quando faz ou permite coisas que não são do nosso agrado. 

    A fé faz sermos iguais a Jó, não ligando para o que os outros dizem; como Davi que poderia ter acabado com Saul mais de uma vez e não o fez porque confiava em seu Deus, quem sabe até, sermos iguais aos mártires que morriam felizes em meio a leões e fogueiras. A fé que fez Abraão subir ao monte para sacrificar seu filho. A fé nos torna pessoas que entendem o real significado de confiança e entrega na soberania de Deus.

    Porém, a nossa falta de fé nos torna em meros torcedores criticando o técnico que tem o jogo em suas mãos, mas que na verdade criou tudo. Não passamos de simples alunos do melhor professor que já existiu ou existirá. Mas mesmo sabendo de todas essas coisas, conseguimos ser hipócritas e duvidar de sua soberania e poder no meio de situações caóticas.     A Covid-19 ou Corona Vírus se espalhou pelo mundo em menos de 4 meses, afetando ricos e pobres, crentes e descrentes, trazendo o caos para a saúde e economia. Países de primeiro mundo sofrendo com milhares e milhares de mortes, assim como países de terceiro mundo, o que a sua fé diz sobre isso? Que é o fim? Que morreremos de fome? Por que Deus deixou isso acontecer? Onde está Deus?  E agora, eu te pergunto: e a fé que você tanto exibia, tatuava e vestia? Onde está a fé que tanto pregava? Embaixo de uma máscara? Em provar que tem fé descumprindo ordens da Organização Mundial da Saúde? Muitas perguntas que não têm resposta para uma geração vazia de Deus e cheia de falsos testemunhos. Hipócritas.      A soberania de Deus é algo que não faz sentido para nós. Parece loucura ter fé em algo que não vemos e não entendemos, coisas espirituais demais para meros humanos carnais. Entretanto, em 1 Coríntios 2.14 diz que o Homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque essas lhe parecem loucura e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. O que nos leva a conclusão que, se esta crise causada pela Covid19 está nos deixando sem fé, se está nos fazendo duvidar do Criador da terra e do universo, então temos que continuar o capítulo de 1 Coríntios e buscar ter a mente de Cristo. Não nos conformarmos com este mundo, mesmo sabendo que tudo parece loucura para o mundo, mas que, no fim, o propósito do Senhor será cumprido e Ele exaltado. 

    Como humanos, o medo bate a nossa porta, a insegurança tenta entrar em nossos corações e a apostasia destruir tudo que acreditamos, mas como cristãos, temos que lançar sobre Ele nossa ansiedade, nos lembrar que o perfeito amor lança fora o medo e que Ele tem cuidado de nós, lembrar que mesmo em meio ao caos, Ele está conosco. 

    No princípio, criou Deus os céus e a Terra. No princípio, o soberano Deus criou os céus e a terra. No princípio, Aquele que tem tudo sob seu controle, criou os céus e a terra. No princípio, Aquele que nos conhece no mais profundo, criou os céus e a terra. 

    Não perca sua fé no soberano Deus. Não se assuste com o barco balançando em meio a

tempestade. Não murmure querendo voltar ao Egito. Tenha fé em Deus. Tenha fé Naquele que tem o mundo em suas mãos. Tenha fé no que era, é, e que a de vir. Tenha plena confiança no único que é soberano e tem um propósito para todas as coisas. Afinal, os pensamentos de Deus são maiores e bem melhores que os nossos. Tenha fé!

POR UMA IGREJA SINFÔNICA

Para que possamos esclarecer e pensar um pouco sobre esse tema gostaria que você tivesse algo em sua mente: uma orquestra sinfônica. Um grande conjunto de instrumentos com seus diferentes sons, seguindo uma única e bela composição através da regência do maestro para que através do encadeamento dos sons simultâneos alcancem a harmonia. O resultado deste conjunto bem orquestrado é uma musicalidade fantástica e de admiração estética. Unidade de sons (harmonia) na diversidade de instrumentos desde que sigam a composição proposta segundo a regência do maestro!

A Igreja sinfônica é algo semelhante a essa grande orquestra sinfônica. Com suas diferentes ênfases doutrinárias, ministeriais e manifestações eclesiológicas. Isso diz respeito tanto a Igreja Universal, o corpo de remidos por Cristo Jesus, como a sua manifestação física através de uma comunidade local.

O Apostolo Paulo fala sobre essa diversidade na Igreja em sua Primeira Epistola aos Coríntios:

“Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.” (1 Co 12.4-6 ARA)

O Deus Trino é quem opera tudo em todos. A Santíssima Trindade atua na Igreja para que a ela não falte nada (2 Pd 1.3) e para que através dela “[…]  a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais.” (Ef. 3.10);

A diversidade da Igreja demonstra a riqueza da sabedoria de Deus e isso é algo extraordinário. O esplendor da canção, retomando nossa analogia, não está nos instrumentos em si. Eles não são um fim em si mesmo. O esplendor da canção está na composição, no compositor e no maestro (Trindade).

Sobre essa diversidade Paulo prossegue: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres.” (1 Co 12.12-13)

Paulo afirma que essa diversidade se configura em unidade, um só corpo em Cristo Jesus, ao contrário da uniformização a qual os Coríntios eram propensos. Os membros da igreja em Coríntios buscavam os dons mais “extraordinários” (dom de línguas, cura, manifestações estáticas), sem pensar na edificação da Igreja de Cristo ou na glória do Deus Trino. Todos queriam partilhar do mesmo dom, isso não gerava harmonia e sim uniformização da Igreja. Seria semelhante a uma orquestra onde todos buscassem tocar o mesmo instrumento. Ou sem respeitar a composição, os violinos tentassem abafar o som dos outros instrumentos afirmando: “Nós somos mais importantes”.

Essa reflexão é importante, pois a Igreja em Coríntios daquela época representa um grande espectro de nossas igrejas, as quais apresentam alguns obstáculos para que a Igreja chegue a essa unidade e harmonia.

As igrejas atuais apresentam diferentes ênfases doutrinárias e ministeriais, manifestas através de denominações com práticas eclesiásticas diferentes, porém onde o principio regulador do culto continua sendo as Escrituras. Nesse sentido, tenho em mente a visão de Igreja segundo os reformadores, onde a centralidade da Palavra de Deus é fundamental para a regulação do culto corporativo. Estou desconsiderando nessa reflexão as “igrejas” não bíblicas.

Como vimos a Instrumentalização dos dons pertence a Deus. Nessa dinâmica diferentes dons, ministérios e formas de atuação irão culminar no enriquecimento da diversidade da Igreja de Cristo! Existem Igrejas onde a ênfase está na pregação da palavra, outras com ênfase no evangelismo e ainda outras no aconselhamento bíblico. Todas elas estão corretas e estão trabalhando conforme as prescrições da Escritura. Porém, ao invés de celebrar a diferença e a diversidade do Corpo se lançam numa batalha sobre provar qual a melhor manifestação doutrinária, o melhor ministério, o melhor pregador. Todos querem solar ao mesmo tempo. Convencer que um instrumento é mais importante que os demais. Estamos perdendo tempo na busca pela uniformização quando deveríamos buscar unidade na diversidade.

Podemos coexistir. Isso não significa lançar mão das denominações. Unidade artificial representa distanciamento bíblico e empobrecimento da diversidade da igreja. O que devemos é nos unir por aquilo que nos é comum: Cristo, o evangelho, a máxima Glória de Deus, cumprir a grande comissão. São ênfases que são comuns as Igrejas Bíblicas e que não abafam o som das diferenças.

Bem comum! Conveniente a todos para adorno da igreja. Apenas harmonia, sem atitude desagradável que pede um vencedor, apologética questionável, técnica do menosprezo.

Na contramão da uniformização os Congressos, TGC (Coalizão pelo o Evangelho), editoras com autores de diferentes denominações representam um horizontes de mudanças.

A igreja sinfônica é importante para unidade do corpo. É o esforço pela unidade no vinculo da paz que possibilita a harmonia da igreja. Assim, é papel da igreja através da harmonia do corpo tornar conhecida a bela canção do evangelho.

A TEOLOGIA DA RASTEIRA DIVINA

A TEOLOGIA DA RASTEIRA DIVINA
A rasteira é um golpe muito utilizado nas artes marciais, no Judô chamada de “de ashi harai”, um golpe tão simples, porém quando utilizado com movimentação e desequilibro faz um estrago fatal. Talvez seja umas das técnicas mais humilhantes quando encaixada perfeitamente. Em um simples piscar de olhos já foi, suas costas estão grudadas no chão, o ar falta, a mente não consegue compreender o que está acontecendo, só se sabe que a luta acabou. Penso que esse golpe foi criado por Deus e Ele como o Senhor de tudo e todos, sabe utiliza-lo como ninguém! Suas rasteiras são perfeitas e pontuais, não a nada que pode parar seu golpe soberano.
O livro de Jó é uma ilustração perfeita da utilização mortal desta técnica, Jó estava lá vivendo sua vida, quando tudo se foi, sua família, seu dinheiro, sua saúde, tudo foi levado pela rasteira de Deus. Assim como nós, quando estamos vivendo nossas vidas e em um instante… não sobrou mais nada! Saúde, recursos, trabalho, família e etc etc, nossas costas estão no chão, nosso pulmão parece que vai explodir, a confusão nos enche, quando percebemos Deus mais uma vez utilizou do Seu golpe devastador.
Podíamos ficar debatendo entre si para descobrir o porque Deus age desta maneira, mas iriamos já velhos descobrir que nada sabemos. Os mais carismáticos iriam apontar que o porque está no pecado da pessoa, Deus está te punindo, um discurso semelhante aos amigos de Jó ao questioná-lo sobre suas perdas. Os niilistas vão trazer um discurso muito semelhante da mulher de Jó “Amaldiçoa a Deus e morra!” Afinal nada faz sentido. E assim iriamos opinando e discutindo sem jamais chegarmos em uma conclusão. Quem somos nós para tentarmos entender o Soberano de todo o universo? O porque não importa, porem o objetivo Dele sim.
Nesse ultimo ano, confesso ter sido o ano mais complexo da minha vida, passei a maior parte do tempo com as costas no chão, clamei a Deus, como ainda clamo, “Deus, por favor, me deixa pelo menos respirar?!” e antes de terminar a frase lá estou eu de novo no chão. Porem teve vezes que me irei e com raiva de Deus, me levantei agressivamente e tentei derrubá-lo. Ai! Lá estou eu mais uma vez no chão. Teve vezes também que eu não queria mais levantar “me deixa aqui! Não quero mais viver assim!”, Deus me ajudava a levantar, Ele utilizou de sua Palavra e de Sua igreja muitas vezes para me colocar em pé, até que… fui derrubado mais uma vez.
Não sei o porque, não sei Sua intenção, mas sei que doí, humilha e me faz lembrar todas as vezes quem de fato eu sou e quem Ele é. Eu sou humilhado, um pecador fraco e sem poder algum, porém Deus, Ele é Senhor, Soberano sobre sua criação, Rei dos Reis. Mesmo as vezes tão superficialmente Ele crava nossas costas no chão, um dia Ele cravou furiosamente seu Filho em uma cruz, se fazendo maldito em nosso lugar.
Aprendi que todas as vezes que Ele me derruba Seu caráter está sendo moldando em mim, dia a dia, mesmo que muitas vezes doa, sua graça e sua misericórdia me faz continuar, pois Ele prometeu. Sei que um dia serei derrubado pela ultima vez nesse mundo, e serei reerguido na eternidade e poderei dizer o mesmo que Jó “Eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora meus olhos te vêem.”

O ACHISMO GOSPEL

O ACHISMO GOSPEL
O saber é complexo, talvez impossível. Certamente nunca saberemos algo por completo, sempre existem teorias e posições diversas. Porém a Bíblia é clara, a verdade é uma só (Jo 14.6)!
Assim, o achismo não deve ser a marca do cristão. Não devemos achar, mas sim buscar compreender mais e mais sobre algo, especialmente na Teologia.
O crente fiel deve ter uma boa Teologia (2 Tm 2.17). Deus em sua soberania decidiu relevar a Sua palavra através da Bíblia, então é nosso dever estudá-la!
Não caia na onda do “eu acho ou não acho”, especialmente quando vindo de um pastor e/ou pregador. É requisito básico para um pastor um bom conhecimento teológico (cf. 1 Tm 3).
É dá vontade de Deus que todos os seus filhos estudem Sua Palavra, Deus te chamou para amar a Teologia (Sl 119.97).
Teologia fraca gera igreja fracas!

DEUS SÓ ESTÁ PRESENTE SE TIVER DOIS OU MAIS REUNIDOS?  – MT 18.20

“Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” Mt 18.19-20
Esse texto tem sido muito mal utilizado por muitos teólogos e pastores. Me lembro de inúmeras vezes aonde em estudos bíblicos em casa, ou em programações missionárias, o condutor cita esse texto, dizendo que Deus está entre nós porque têm mais de 2 pessoas no lugar. Mas será que foi isso que Levi queria dizer ao escrever essa parte em seu evangelho?
O grande problema dessa interpretação equivocada do texto são as implicações teológicas causadas por ela, como o fato de Deus perder sua onipresença, ou até uma problematização do que é culto e como ele deve ocorrer. Não posso cultuar sozinho? Deus não está presente quando eu oro em silêncio em meu quarto? Só há adoração no coletivo?
Diante desses diversos problemas devemos olhar com zelo o texto bíblico e buscarmos uma interpretação coerente com a mensagem e contexto do Evangelho de Mateus.
Primeiramente, temos que entender que Mt.18, está antes de um dos episódios mais importantes do ministério de Jesus, que foi a transfiguração (Mt. 17.1-8 ), e isso traz uma ótica diferente do texto, provavelmente explicando o fato dos discípulos questionarem Jesus de quem é o maior entre todos (18.1). O fato deles saberem (ou acharem) que Jesus é superior que a lei representada por Moisés, e que os profetas representados por Elias, levou à crença de que Jesus de fato é muito poderoso.
Todavia, mesmo diante do orgulho velado dos discípulos, Jesus mostra que de fato o “maior” é aquele que é pequeno, utilizando o exemplo das crianças. Quem quiser ser grande, primeiro se torne pequeno, humilde, reconhecedor de sua dependência, e só assim pertencerá ao reino.
Continuando a linha de pensamento, Mateus mostra que Deus cuidará dos seus filhos. Ai daquele que fizer um deles tropeçar, pois ele é o bom pastor e cuidará de cada ovelha que se desviar do caminho do reino. Porém e aquelas que se dizem ovelhas, pecam, são confrontadas individualmente, no coletivo e diante da comunidade mas não se arrependem de seu pecado, como lidar com elas?
Tudo indica que essa pessoa na verdade não faz parte dos habitantes do reino, pois elas ao contrário das crianças são autossuficientes. Logo, elas devem ser tratadas como gentios e publicanos (não cristãos), e essa autoridade Jesus deu a Sua igreja, que tem poder de ligar ou desligar pessoas do Reino de Deus. Afinal, é melhor ir cego ao céu, do que ter seus dois olhos ir para o inferno (18.8,9). O mesmo se aplica a essas pessoas que enganam e deturpam o nome de Deus e da igreja, é melhor arrancá-las da comunidade do que levar todos para o inferno.
E agora sim, vem os versos tão mal usados por alguns:
Sim, se dois ou três decidirem que tal pessoa deve ser desligada do reino, Deus desligará tal pessoa. Afinal, dois ou três pessoas se resume em testemunhas, pessoas que acompanharam o arrogante, que buscaram o arrependimento e depois de fracassarem decidem que o melhor a ser feito é excluir essa pessoa de sua comunidade e assim desligarem ela do reino dos céus.
Em resumo, Deus está em todos os lugares, e perto está dos seus filhos, mesmo sozinho ou em grupo, Deus está com você (Fp 4.5). Porém, Deus carimba a decisão de duas ou mais pessoas, quando e se necessário for, sobre a disciplina do pecador.
Assim:
1.Desligar a pessoa do reino é tirar a sua salvação, logo a salvação se perde?
Não, o próprio contexto mostra que as verdadeiras ovelhas são restauradas pelo bom pastor, aquele que não se arrependeu do pecado, demonstra que nunca se arrependeu para a salvação, logo, nunca foi de fato convertido, pois a salvação vem através da fé verdadeira que é demonstrada através do arrependimento (Ef 2; Rm 10; Jo 3; 1 Jo 1-3).
2.Igreja é lugar de acolher e não de expulsar?
Não, igreja é um lugar de acolher os perdoados e não os arrogantes. Igreja é lugar de perdoados e não de autossuficientes. O amor de Deus ao mundo foi manisfestado através do sacrifício do Seu Filho, Jesus (Jo 3.16). Aquele que desprezou o sacrifício de Cristo não é alvo do amor de Deus, eles não farão parte do reino de Deus, e a representação do reino de Deus na Terra é a Sua igreja (Mt 19; 1 Jo 5; Hb 10; Lc 16; Ap 21).

A noiva

Já é certo que Jesus irá voltar para buscar sua noiva (Ef 5:25-27), sua Igreja, seus escolhidos. Tal fato, me faz pensar sobre o perfil desta noiva. Quais seus atributos? Qual sua aparência? O que o Senhor espera de sua noiva? A bíblia nos dá algumas informações:

e para apresentá-la a si mesmo como Igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou qualquer outra imperfeição, mas santa e inculpável.” (Efésios 5:27)

Pois tenho verdadeiro ciúme de vós e esse zelo vem de Deus, pois vos consagrei em casamento a um único esposo, que é Cristo, a fim de vos apresentar a Ele como virgem pura. ” (2Corintios 11:2)

“Porquanto, Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença.” (Efésios 1:4)

“agora, entretanto, Ele vos reconciliou no corpo físico de Cristo, por meio da morte, para vos apresentar santos, inculpáveis e absolvidos de qualquer acusação diante dele” (Colossenses 1:22)

“Estes são os que não se macularam com mulheres, porque são virgens. São os que seguem ao Cordeiro aonde quer que vá. Foram comprados dentre todos os seres humanos e foram os primeiros a ser oferecidos a Deus e ao Cordeiro.” (Apocalipse 14:4)

Poderíamos terminar por aqui, pois, as escrituras deixa claro o que o Senhor Jesus espera da sua noiva. Porém, irei estender-me um pouco mais, trazendo em pauta o que nós, em nossa limitada visão, levaríamos em consideração para escolhermos nossa própria noiva.

O primeiro ponto que, indiscutivelmente, sustenta um relacionamento duradouro, e que se procura em uma companheira são afinidades. Ou seja, qualidades, costumes e gostos parecidos com os nossos. As afinidades nos ajudam a ter uma vida em harmonia com a outra pessoa, pois, depois do casamento, não precisamos abdicar do que gostamos de fazer; trazendo mais prazer para ambos na vida e na rotina a dois. Baseado neste ponto podemos nos perguntar, teremos qualidades, costumes e desejos parecidos com os do Noivo?

Podemos citar uma série de itens para tal escolha. Porém, irei tratar apenas uma específica e primordial: a fidelidade.

Quem de nós ficaria noivo(a) de alguém infiel?

Imagine-se em uma festa, você com sua amada, felizes, tudo ocorrendo na maior harmonia. Então, você se afasta um pouco dela por alguns instantes, para ir ao banheiro. Quando retorna, presencia sua namorada flertando com outra pessoa! Como se sentiria? E quando questionada, ela se justifica dizendo que foi somente um flerte, não um beijo ou algo mais íntimo. Você se sentiria confortável com esta justificativa? Escolheria esta namorada para ser sua noiva? Porém, imagine que ao invés disso, ela lhe dissesse que foi beijada à força por outra pessoa; que foi agarrada; coagida fisicamente, etc. Poderia culpá-la por infidelidade?

Com isso, temos dois cenários: 1) um flerte correspondido; 2) um beijo, que é algo bem mais íntimo, mas em um contexto de agressão moral.

Nas duas situações acima, devemos levar em conta algo muito importante: o consenso. Quando uma pessoa flerta com a outra, existe um consenso entre elas; ou seja, elas querem flertar uma com a outra. Porém na situação do beijo, não houve um consenso; a pessoa foi beijada forçosamente. Com isso, podemos afirmar que: o que caracteriza a infidelidade é a escolha por não ser fiel. A passagem abaixo, ilustra esta questão:

“Se numa cidade um homem se encontrar com uma jovem prometida em casamento e se deitar com ela, 24 levem os dois à porta daquela cidade e apedrejem-nos até à morte: a moça porque estava na cidade e não gritou por socorro, e o homem porque desonrou a mulher doutro homem. Eliminem o mal do meio de vocês.” Dt 22:23

Um noivo como Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus (Mateus27:54 , João 20:31), Luz do Mundo (João 9:5), Rei dos reis (Apocalipse 19:16), escolheria como noiva, alguém que flertasse com outro? Ainda mais com o que Ele mais repugna, o pecado. Acredita que um Deus Santo, teria como noiva alguém com o mesmo nível de pureza?

Ouço os crentes dizendo com toda convicção: Sou salvo!! Estou aguardando Jesus vem me buscar!!

Então pergunto, você tem realmente os atributos da noiva de Cristo?

É impossível convencer este Noivo com vestidos, penteados, bens materiais, sendo simpático ou com uma boa conversa. Este Noivo tem acesso irrestrito ao seu coração! Conhece seus desejos, valores, sonhos e anseios. Por este motivo, nada pode desviar sua atenção, nada pode engana-lo.

Você é santo? Você é puro? Tem os mesmos anseios do Noivo? Faz as coisas que agradam o Noivo? Cumpre seus mandamentos? Tem os mesmos valores e atributos que Ele?

Você pode até dizer: “É impossível ter os mesmos atributos que Jesus!!Ele é Deus e eu apenas um homem! Ele é perfeito, e eu apenas um pecador!”. Deus sabe das nossas fraquezas e imperfeições – a erradicação destas é obra do Espírito Santo. Pois se fossemos perfeitos, não seria necessário Jesus ter morrido por nós. Porém, você busca os valores e atributos necessários para ser escolhido? Você busca ser santo e puro para o Noivo? Busca cumprir seus mandamentos? Ou está flertando com o pecado? Quando peca, se sente mal por isso, ou nem sabe que está pecando? Sente prazer, ou já se acostumou em cometer algum pecado?

A santa noiva de Jesus odeia o pecado! Quando peca, se arrepende e suplica por perdão! E por fim, procura de todo coração não mais cometer o mesmo erro. Este comportamento ocorre devido à um fato muito simples: a noiva ama o Noivo!

E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida.” Apocalipse 22:17

Quando amamos alguém, não existe: porém, talvez, condições. A noiva não ama pelo presente caro (prosperidade financeira), segurança, bem-estar (bênçãos e curas, etc),etc. mas porque foi salva, amada primeiro, enquanto rebelde, e morta em seus delitos e pecados. Ela está pronta para permanecer ao lado do seu amado, custe o que custar:

“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13:4-7)

Não se deixe enganar, pois “muitos são chamados e poucos escolhidos” (Mateus 20:16; 22:14). Ninguém está salvo até ser escolhido. O Noivo escolhe sua noiva.

Enquanto isso, não flerte com o pecado. Busque os valores e atributos da santa noiva de Jesus; arrependa-se, busque santidade e intimidade com o Noivo. Evite lugares, pessoas e circunstancias que lhe fazem pecar. Como está escrito, “se teu olho te faz pecar, arranque-o” (Mateus 5:29; 18:9; Marcos 9:47). Não se deixe enganar pelos prazeres e valores perecíveis do mundo, não se entregue, resista!

Busque o que é eterno!

Teologia Sinfônica – A Morte do Ego

O conceito da teologia sinfônica, nos leva essencialmente a um caminho de autonegação; nos força a abandonar nossas preferencias, e preconceitos ao que é certo ou errado do ponto de vista doutrinário. A teologia sinfônica nos coloca esmagadoramente no lugar de onde jamais deveríamos ter a pretensão de sair, o de total submissão à revelação divina, a saber, as escrituras sagradas.

Negligenciar arbitrariamente uma perspectiva válida de um texto bíblico, além de estarmos sujeitos aos assombros das palavras de João em Apocalipse 22:19, empobrecemos substancialmente a instrução do povo de Deus. É como descascar uma laranja e junto com a casca, jogar uma metade fora.

Deus em sua infinita sabedoria, nos revela em mínimas porções de palavras, horizontes os quais vislumbramos mesmo com a iluminação do Espirito Santo, de forma grosseira, pobre e superficial. Mesmo a porção limitada de revelação divina (cânon), nos transporta à uma imensidão, a qual míopes, mal conseguimos tatear. Onde, ocultar ou negar uma verdade revelada na Palavra de Deus, seja por partidarismo, seja por ignorância, é mergulhar à cegas em águas profundas. É limitar ainda mais, o que para nós, criaturas caídas, já é tão precário. Como terei um entendimento e subsídio prático das escrituras, se me apego às minhas perspectivas bíblicas de estimação, rejeitando outras, que são tão legítimas quanto a minha. Corro o risco de, tratando a bíblia de forma parcial e partidária, moldar o texto sagrado de forma que ele caiba dentro do que é aceitável para mim, dentro da minha perspectiva, sendo que o correto é que seja feito o contrário.

Usando ainda a ilustração da laranja, a teologia sinfônica nos propõe descascar a laranja, se deliciarmos com seu suco, fazer um bolo com o bagaço e ainda um chá com sua casca. Com o auxílio da hermenêutica, exegese e a iluminação do Espírito Santo, temos condições de extrair variadas e autênticas perspectivas do texto bíblico, a fim de suprir as carências nutricionais do rebanho do Senhor. Mas para que fim? O apostolo Paulo nos diz em Filipenses 1:27 : “…estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica”.

Com a exortação acima, quero tratar do efeito final da submissão à Palavra de Deus. Que é um aprofundamento no conhecimento das escrituras, culminando em uma vivência prática da mesma, e um firme relacionamento com Deus. Na primeira parte do versículo citado acima, Paulo escreve “Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo…” exortando os membros da igreja em Filipo a trazerem os ensinamentos do Evangelho para a prática – assim como Tiago reforça em Tg 2:14; 1:22-25. No texto original, a palavra “vivei”, remete à um cidadão que cumpre todos seus deveres, onde seu modo de vida é através do cumprimento integral das leis de sua pátria.

O pleno conhecimento das escrituras, nos leva a percepção de quem é Deus, e quem nós somos perante ele; de modo que este conhecimento, nos dirige à viver segundo sua Palavra, e como consequência, provarmos do fruto do Espírito (Gl 5:19-23), fortalecendo nossa esperança, fé, e relacionamento com Ele.

A “teologia sinfônica” nos remete ao conceito de Sola Scriptura, além de um exaustivo trabalho técnico auxiliado pelo Espírito Santo, afim de extrair as perspectivas e significados legítimos do texto bíblico. Tal esforço é vão sem que se tenha predefinido que a bíblia é a Palavra de Deus, e que esta, está acima da palavra do homem. Caso contrário, cairemos no mesmo erro dos romanistas.

Por fim, que tenhamos humildade e submissão perante à Palavra de Deus, para que possamos extrair dela – com a graça e a misericórdia do Senhor – o conhecimento e a instrução necessária para nossa vida, até que Ele venha.

Síndrome de Tomé

‘Então, Jesus lhe disse: Se, porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis.’ João 4:48.

O exercício da credulidade é algo que se torna quase que intrínseco ao homem. Se torna, pois, o “como crer” e “em quem crer”, é constantemente moldado e parametrizado pelos próprios pais: não acredite em estranhos, tome cuidado com as pessoas…tais conselhos são legítimos e necessários, visto o estado caído da humanidade. Uma instrução de prudência e  cuidado, se faz mais que necessária por parte dos pais. Contudo, entramos em um grande paradoxo, o qual consiste que da mesma forma que somos ensinados a não acreditar em estranhos, somos instruídos a acreditar em conhecidos, principalmente os da família direta (pai, mãe, irmãos). Aprendemos que os da família, são do mesmo time, os nossos “próximos” e que devemos amá-los.

Mas porque tal fato consiste em um paradoxo? Quando crescemos um pouco, vemos que não é bem assim, e não só a experiencia de vida, mas também a Palavra de Deus nos mostra uma certa inconsistência nesta lógica. Observemos por exemplo Eva, que comprovando nossa afirmação, acreditou em alguém que mal conhecia (Gn 3:1-6). Entretanto, Abel foi vítima de seu próprio irmão, alguém que confiava (Gn 4:8).

O fato, é que o Ego e sua filha Ganância, se multiplicaram sobre maneira no coração do homem após sua queda, criamos uma proteção latente e uma sólida prudência a respeito do carácter e integridade dos outros. Até aí, nada de novo, mas a história nos remete a um aumento gradativo da falta de integridade do homem. Lembro-me de cara, histórias de acordos comerciais, os quais eram estabelecidos apenas pela palavra das partes, homens que pagaram com a própria vida, o preço para manter sua palavra – o que era encarada como um reflexo, carácter e integridade de um homem. Contudo, hoje em dia não acreditamos nem na biometria.

Uma coisa é certa, não podemos confiar no homem. Pois o mesmo se encontra corrompido pelo pecado, e mais cedo ou mais tarde, mesmo que não queira, irá errar, fraquejar, ou cair em tentação.

Sobre este assunto, gosto de meditar em um texto muito rico das escrituras, segue abaixo:

‘Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, em virtude do testemunho da mulher, que anunciara: Ele me disse tudo quanto tenho feito. Vindo, pois, os samaritanos ter com Jesus, pediam-lhe que permanecesse com eles; e ficou ali dois dias. Muitos outros creram nele, por causa da sua palavra, e diziam à mulher: Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo. Passados dois dias, partiu dali para a Galileia. Porque o mesmo Jesus testemunhou que um profeta não tem honras na sua própria terra. Assim, quando chegou à Galileia, os galileus o receberam, porque viram todas as coisas que ele fizera em Jerusalém, por ocasião da festa, à qual eles também tinham comparecido. ‘ João 4:39-45

Neste texto, vemos o contraste dos excluídos samaritanos, os quais sem verem sinais e milagres, creram na Palavra de Deus, e testemunharam que Jesus é “…verdadeiramente o Salvador do mundo“. Por outro lado, o texto mostra que os galileus “o receberam“, não diz que eles creram; porque “… um profeta não tem honras na sua própria terra“. No mesmo capítulo lemos sobre o oficial que pede para Jesus curar seu filho. Mas este homem queria que Jesus fosse até seu filho, para que ele pudesse ver tal milagre. Então, Jesus exorta o oficial dizendo que… “Se, porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis.” (Jo 4:48) então algo abruptamente muda na atitude do homem, ele crê na palavra de Jesus: “Vai, disse-lhe Jesus; teu filho vive. O homem creu na palavra de Jesus e partiu.” (Jo 4:50). Os que não conheciam Jesus creram na sua palavra, sem ver os sinais, enquanto os que o conheciam e viram, mesmo assim não creram.

Da mesma forma, vemos os apóstolos mergulhados em dúvidas e ressalvas sobre Jesus, principalmente devido aos pressupostos que tinham acerca de quem e como o Messias deveria ser. Outra porção do Evangelho segundo João nos ilustra:

‘No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida. Então, correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram. Saiu, pois, Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro. Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis de linho; todavia, não entrou. Então, Simão Pedro, seguindo-o, chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis, e o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado num lugar à parte. Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Pois ainda não tinham compreendido a Escritura, que era necessário ressuscitar ele dentre os mortos. E voltaram os discípulos outra vez para casa. Maria, entretanto, permanecia junto à entrada do túmulo, chorando. Enquanto chorava, abaixou-se, e olhou para dentro do túmulo, e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde o corpo de Jesus fora posto, um à cabeceira e outro aos pés. Então, eles lhe perguntaram: Mulher, por que choras? Ela lhes respondeu: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. Tendo dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não reconheceu que era Jesus. Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, supondo ser ele o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, lhe disse, em hebraico: Raboni (que quer dizer Mestre)! Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus. Então, saiu Maria Madalena anunciando aos discípulos: Vi o Senhor! E contava que ele lhe dissera estas coisas. Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos. Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, então, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei. Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram. ‘ João 20:1-29

João somente creu porque viu (Jo 20:4); Maria Madalena da mesma forma, teve que ver para crer, e para dar credibilidade ao seu recado, salientou: “Vi o Senhor!“; o Senhor teve que mostrar as marcas em suas mãos; contudo, Tomé foi além, além de ver, disse que precisava tocar para acreditar. Então somos confrontados com a seguinte afirmação: “Bem-aventurados os que não viram e creram.

Outro ponto interessante de se observar, é que o que é dito, proclamado (palavra), é ignorado até que se veja (exceto no testemunho da samaritana). Do mesmo modo, salientar que essas pessoas viram, serve para nós, a atribuição de autoridade e credibilidade ao texto.

Nos munimos de aparatos tecnológicos e científicos, para que possamos acreditar; inclusive nas coisas que vemos. A humanidade duvida de seu criador, mesmo vendo suas maravilhas e gozando todos os dias de sua graça. Assim como Tomé, nossa incredulidade nos arremessa à uma realidade solitária e tenebrosa. Em meio a esta profunda escuridão, quando não vemos outra alternativa; quando estamos prestes a saltar no abismo do individualismo; Deus nos chama para acreditar nele, e em sua Palavra, nos compele à mergulharmos de corpo e alma, sem olharmos para trás. Em troca, nos concede remissão dos nossos pecados, restauração da nossa integralidade, e vida eterna!

Que contraste! Em meio a trevas, incertezas e prisão, Deus nos mostra luz, certeza e liberdade, e diz, que nele podemos confiar de “olhos fechados“, crer sem ver, sem olhar para trás. Essa certeza não lhe trás paz? Seu coração não se enche de alegria, quando em meio ao deserto, visualiza um oásis? Se não, pode ser que você ainda não tenha percebido que está em um deserto; que os dias são maus; e que o amor de quase todos se esfriou.