POR UMA IGREJA SINFÔNICA

Para que possamos esclarecer e pensar um pouco sobre esse tema gostaria que você tivesse algo em sua mente: uma orquestra sinfônica. Um grande conjunto de instrumentos com seus diferentes sons, seguindo uma única e bela composição através da regência do maestro para que através do encadeamento dos sons simultâneos alcancem a harmonia. O resultado deste conjunto bem orquestrado é uma musicalidade fantástica e de admiração estética. Unidade de sons (harmonia) na diversidade de instrumentos desde que sigam a composição proposta segundo a regência do maestro!

A Igreja sinfônica é algo semelhante a essa grande orquestra sinfônica. Com suas diferentes ênfases doutrinárias, ministeriais e manifestações eclesiológicas. Isso diz respeito tanto a Igreja Universal, o corpo de remidos por Cristo Jesus, como a sua manifestação física através de uma comunidade local.

O Apostolo Paulo fala sobre essa diversidade na Igreja em sua Primeira Epistola aos Coríntios:

“Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.” (1 Co 12.4-6 ARA)

O Deus Trino é quem opera tudo em todos. A Santíssima Trindade atua na Igreja para que a ela não falte nada (2 Pd 1.3) e para que através dela “[…]  a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais.” (Ef. 3.10);

A diversidade da Igreja demonstra a riqueza da sabedoria de Deus e isso é algo extraordinário. O esplendor da canção, retomando nossa analogia, não está nos instrumentos em si. Eles não são um fim em si mesmo. O esplendor da canção está na composição, no compositor e no maestro (Trindade).

Sobre essa diversidade Paulo prossegue: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres.” (1 Co 12.12-13)

Paulo afirma que essa diversidade se configura em unidade, um só corpo em Cristo Jesus, ao contrário da uniformização a qual os Coríntios eram propensos. Os membros da igreja em Coríntios buscavam os dons mais “extraordinários” (dom de línguas, cura, manifestações estáticas), sem pensar na edificação da Igreja de Cristo ou na glória do Deus Trino. Todos queriam partilhar do mesmo dom, isso não gerava harmonia e sim uniformização da Igreja. Seria semelhante a uma orquestra onde todos buscassem tocar o mesmo instrumento. Ou sem respeitar a composição, os violinos tentassem abafar o som dos outros instrumentos afirmando: “Nós somos mais importantes”.

Essa reflexão é importante, pois a Igreja em Coríntios daquela época representa um grande espectro de nossas igrejas, as quais apresentam alguns obstáculos para que a Igreja chegue a essa unidade e harmonia.

As igrejas atuais apresentam diferentes ênfases doutrinárias e ministeriais, manifestas através de denominações com práticas eclesiásticas diferentes, porém onde o principio regulador do culto continua sendo as Escrituras. Nesse sentido, tenho em mente a visão de Igreja segundo os reformadores, onde a centralidade da Palavra de Deus é fundamental para a regulação do culto corporativo. Estou desconsiderando nessa reflexão as “igrejas” não bíblicas.

Como vimos a Instrumentalização dos dons pertence a Deus. Nessa dinâmica diferentes dons, ministérios e formas de atuação irão culminar no enriquecimento da diversidade da Igreja de Cristo! Existem Igrejas onde a ênfase está na pregação da palavra, outras com ênfase no evangelismo e ainda outras no aconselhamento bíblico. Todas elas estão corretas e estão trabalhando conforme as prescrições da Escritura. Porém, ao invés de celebrar a diferença e a diversidade do Corpo se lançam numa batalha sobre provar qual a melhor manifestação doutrinária, o melhor ministério, o melhor pregador. Todos querem solar ao mesmo tempo. Convencer que um instrumento é mais importante que os demais. Estamos perdendo tempo na busca pela uniformização quando deveríamos buscar unidade na diversidade.

Podemos coexistir. Isso não significa lançar mão das denominações. Unidade artificial representa distanciamento bíblico e empobrecimento da diversidade da igreja. O que devemos é nos unir por aquilo que nos é comum: Cristo, o evangelho, a máxima Glória de Deus, cumprir a grande comissão. São ênfases que são comuns as Igrejas Bíblicas e que não abafam o som das diferenças.

Bem comum! Conveniente a todos para adorno da igreja. Apenas harmonia, sem atitude desagradável que pede um vencedor, apologética questionável, técnica do menosprezo.

Na contramão da uniformização os Congressos, TGC (Coalizão pelo o Evangelho), editoras com autores de diferentes denominações representam um horizontes de mudanças.

A igreja sinfônica é importante para unidade do corpo. É o esforço pela unidade no vinculo da paz que possibilita a harmonia da igreja. Assim, é papel da igreja através da harmonia do corpo tornar conhecida a bela canção do evangelho.

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