MODA DE TEOLOGIA

Paulo          No Brasil o debate teológico está em desenvolvimento, a passos vagarosos, e falo isso com total convicção, a nova onda do Imperador é: Estudar Teologia. Ao presenciar e ouvir as ditas discussões teológicas, percebo certa superficialidade no que é dito pelos debatedores. E, por que digo isto? Ué, percepção.  

          Um estudante, sério, de teologia não se arrisca a desbravar mares nunca dantes navegados, como se soubesse andar por sobre o mar; também, não se contenta em surfar na superficialidade de conceitos, sejam lá quais forem, sem os ter entendido, embebendo-se dos problemas em questão. Os, jovens, sabichões recebem todos os incentivos possíveis e inimagináveis, para prosseguir na sua caminhada rumo a imbecilidade. Mal sabendo o que lhes espera no fim da estrada, caminham a passos largos rumo ao desconhecimento de si mesmos.

          Não firmaram seu espírito, seu intelecto e seu coração, não entendem o significado de uma vida ponderada pela realidade, pela sanidade e pela sinceridade. Aos berros ouço-os argumentar, para as árvores, vociferando seus conceitos realísticos de uma fé hipotética, impondo na solidão de sua perdição suas certezas infantis, frágeis como um castelo de areia, feito a beira mar.

          Assim é que, alguns, teólogos têm sido concebidos desde as eras mais sombrias do gênesis, sem formação linguística, sem noção de realidade, imbecis uteis, repetidores de conceitos vazios e regrinhas de conduta. Não estão prontos a avaliar sua teologia; perguntem-nos, no que está firmada a vossa teologia? A resposta virá entre urros, gritinhos e choradeiras histéricas. É fácil esconder a burrice com falsa piedade, difícil é dedicar-se com o coração; forjar, na alma, com calma e no silêncio uma teologia digna de ser comunicada.

          A teologia não é teoria, é prática de vida. Que artista faz uma obra magistral do dia para a noite? Técnicas de pintura demoram anos a serem desenvolvidas e aperfeiçoadas, um pintor não se torna um exímio artista de uma hora pra outra, são anos, incansáveis, de prática e treino intensivo, até que a percepção lhe é iluminada e lhe caem as escamas dos olhos. Não é o pincel que define a qualidade de um pintor, mas a sua capacidade de usá-lo de acordo com o intuito para o qual foi criado.

          O teólogo não pode perder-se entre os livros e a lucubração de uma ilusão, se a percepção ao que é sensível não lhe for aberta e os olhos não puderem ver, ou, os ouvidos, ouvir, de nada lhe valerá o esforço das leituras. Se são as palavras das Escrituras que iluminam nossas vidas, como o farol que guia o barco em meio as tempestades, que nossos estudos tenham início e fim em suas magnânimas palavras.

          O exercício primeiro da Teologia é a fé, e não a teologia em si mesma. A Fé exige de nós amor pela verdade, e isto só pode ser alcançado por meio da educação, e um homem não pode propor educação aos demais, sem antes educar a si mesmo. Como prosseguir na teologia com o espírito viciado, à vontade corrompida, o imaginário empobrecido e uma linguagem morta?

          É a graça que abre nossos olhos a realidade do que somos, é por meio dela que somos capacitados a chorar nossas mazelas e reconhecermos nossa fragilidade, humana, nada mais, nada menos, do que humana. Desejas ser teólogo? Pois bem, cá vai meu conselho: seja fiel ao Senhor – isto é mais do que suficiente, mais do que merecemos e mais do que somos capazes de fazer. A estrada da teologia deve nos conduzir a Deus, não a nós mesmos. Carecemos fazer teologia diante de Deus, para sermos transformados, e não dos homens, para sermos reconhecidos. Neste caminho não há glória, holofotes, fama ou prazer pessoal, aqui a graça nos basta, e, isto é, mais do que somos capazes de compreender.

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